O I SenseLatam começou quebrando paradigmas ao provar que é possível fazer um evento 100% online com qualidade e reunir os melhores profissionais da área de Ciência Sensorial e do Consumidor na América Latina para falar das pesquisas abrangendo oito eixos temáticos com temas relevantes para a sociedade. O evento também deixou a sua contribuição ao promover o networking entre profissionais e empresas com a criação de um canal de comunicação no Telegram.
Na palestra de abertura, o Dr. Gaston Ares falou sobre “Os novos paradigmas da Ciência Sensorial” abordando a importância de repensar o foco atual no qual os métodos sensoriais são desenvolvidos e aplicados. Segundo ele, é preciso resgatar os conceitos da Psicofísica que buscam entender como respondemos aos estímulos mantendo o foco no indivíduo e não nos produtos. Considerando o contexto e também a forma como esses produtos são consumidos e desta forma reduzir o “gap” entre as condições de laboratório e a realidade vivenciada pelos consumidores.
É preciso ainda levar em consideração que a percepção muda no decorrer do tempo em que as amostras são avaliadas, por isso a importância de se desenvolver métodos dinâmicos. Esse tema foi abordado por Dra. Mara Galmarini que discorreu sobre os diferentes métodos descritivos com consumidores e métodos temporais.
Além disso, o Dr. Gaston Ares apontou a necessidade de se repensar os currículos de formação na área de sensorial e abordar as contribuições que podem ser realizadas para o enfrentamento dos problemas da sociedade moderna como: a fome e a produção de produtos mais saudáveis e mais sustentáveis, entre outros listados nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Neste sentido foram relevantes as contribuições da Patricia Niizu que compartilhou a sua experiência na realização de “Estudos qualitativos com consumidores de baixa renda” realizados na África e do Dr. Fernando Pino que falou sobre a “Inclusão Laboral de pessoas com deficiência visual”.
Na sua fala Patricia Niizu enfatizou a importância de treinar adequadamente a equipe para realizar uma abordagem adequada respeitando as diferenças culturais, hábitos e necessidades dos consumidores de baixa renda.
A inclusão social foi o ponto central da fala do Dr. Fernando Pino que mostrou o histórico desse projeto com deficientes visuais na Argentina e que inspirou o documentário “El panelista” lançado em 2019. Iniciativa semelhante vem sendo realizada no Brasil pela Nestlé em parceria com a Fundação Dorina Nowill através do programa “Desvendar” que realiza o treinamento e contratação de profissionais com deficiência visual para testes sensoriais.
A Neurociência como ferramenta de investigação sensorial também ganhou destaque no evento com a abertura realizada pela Dr. Billy Nascimento e o workshop sobre Neurociência apresentado pelo Dr. Airton Rodrigues e a equipe do NENC que detalhou a aplicação dessa tecnologia e buscou desmistificar a imagem de que as medidas biométricas de neurociência precisam de ferramentas caras e de difícil aplicação.
Nos workshops também foram apresentados os perfis dos consumidores de mercados em evidência como o “Silver” e o de “Naturalidade, Funcionalidade e Plant-based”. Em resumo o mercado “Silver” representa um segmento da sociedade que precisa ser ressignificado pois já não são mais os velhos sedentários de antigamente, hoje em dia fazem parte de uma sociedade moderna e ativa, os quais buscam mais saudabilidade e melhores escolhas alimentares e estão abertos a tecnologia e inovação.
A quebra de paradigmas também esteve presente no workshop sobre Emoções que trouxe algumas reflexões sobre a teoria das emoções e algumas questões vinculadas às aplicações das medidas biométricas de neurociência no desenvolvimento de produtos. Dr. Steve Green apresentou a teoria da emoção construída defendida por James Russel e Lisa Feldman Barret que contraria a teoria básica das emoções.De acordo com a teoria básica, as emoções são inatas e universais, as chamadas “big six” que são: nojo, raiva, medo, felicidade, surpresa e tristeza, que são a base da codificação facial. Já na teoria da emoção construída as emoções são aprendidas com base no que experimentamos e com base na nossa memória de experiências anteriores, dentro do contexto atual e do que estamos sentindo no momento (afeto central) a cada momento pensamos nessas informações e criamos instâncias de emoções.
Dr. Steve Green compartilhou a experiência de não ter alcançado resultados úteis com as medidas biométricas de neurociência para o desenvolvimento de produtos. Ele explicou que atualmente os produtos de consumo do mercado são muito bons e os resultados de neurociência não discriminaram e não foram reprodutíveis. Então ele trouxe metodologias e conceitos que considera mais relevantes para o entendimento do que o produto significa para o consumidor e a questão relativa à consonância entre produto e embalagem.
Enfim o SenseLatam em sua primeira edição já mostrou a que veio, quebrou paradigmas, mostrou o crescimento da área de Ciências Sensoriais e do Consumidor e aproximou os pesquisadores e profissionais da América Latina. Agora é esperar até 2022 para a segunda edição que será em Mérida no México.
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