O perfil descritivo otimizado é uma metodologia rápida desenvolvida para a obtenção de descrições sensoriais de alimentos utilizando avaliadores semi-treinados para a avaliação quantitativa de atributos sensoriais.
A Dra. Valéria Minim, líder da equipe de pesquisa que desenvolveu essa metodologia, nos revelou em entrevista ao Sensory Cast que esse método surgiu da necessidade de atender a demanda da indústria por métodos descritivos mais rápidos.
Na aplicação do Perfil Descritivo Convencional é necessário garantir antes das sessões de avaliação que os avaliadores memorizem as intensidades das referências dos extremos das escalas para todos os descritores e apresentem consenso no entendimento do conceito desses descritores. Tudo isso limita a utilização desse método pelos fornecedores de ingredientes e instituições de pesquisa que trabalham com multicategorias devido ao longo período de tempo necessário para treinamento do painel para cada categoria.
Outros métodos rápidos já haviam sido descritos por diferentes autores como: o Perfil Flash que combina o Perfil Livre com um método de classificação (Dairou e Sieffermann, 2002); o Sorting que recomenda um procedimento de classificação para agrupar as amostras semelhantes (Cartier et al., 2006); o Ranking Descriptive Analysis (RDA) no qual avaliadores pré-selecionados determinam os atributos sensoriais que caracterizam as amostras e as classificam em relação a esses atributos (Richter et al., 2010).
No entanto, todos esses métodos apresentavam como limitação à avaliação qualitativa das amostras sem identificar a magnitude da diferença entre elas. Por isso, esses métodos não são recomendados para estudos de shelf life, controle de qualidade, otimização de formulações e correlação de medidas sensoriais e instrumentais.
Com o objetivo de resolver essas questões o Perfil Descritivo Otimizado foi desenvolvido para atender a demanda por métodos rápidos mas que ao mesmo tempo possa fornecer informações descritivas e quantitativas sobre os produtos.
Mas quais são as principais diferenças do Perfil Descritivo Otimizado em comparação com o Perfil Descritivo Convencional?
A principal diferença está na apresentação dos materiais de referência junto com as amostras nas sessões para avaliadores semi-treinados, facilitando dessa forma a alocação da intensidade do atributo na escala não-estruturada ancorada nas extremidades (fraco e forte).
Desta forma os avaliadores mesmo com pouco treinamento conseguem avaliar consistentemente as amostras. Essa metodologia permite a apresentação das amostras em delineamento de blocos completos ou incompleto balanceados, permitindo a avaliação comparativa das amostras.
Assim, a estrutura desse teste (amostras apresentadas simultaneamente e a presença de materiais de referência) serve para permitir que os avaliadores semi-treinados classifiquem os produtos de forma consistente e apresentem informações quantitativas, além das descritivas.
Realmente as melhores ideias são sempre as mais simples, mas será que os resultados obtidos equivalem ao do método convencional?
Para comprovar se havia uma correlação significativa sem diferenças estatísticas entre os métodos, a equipe da Dra. Valéria Minim comparou os métodos pela Análise de Componentes Principais (PCA), teste t e análise de correlação (Silva et. al, 2012).
O Perfil Descritivo Otimizado forneceu um perfil sensorial muito semelhante ao Perfil Convencional em relação à configuração gráfica das amostras e à correlação dos atributos com os componentes principais. Os resultados da descrição sensorial apresentou correlação significativa sem diferenças significativas de acordo com o teste t na probabilidade nível de 0,10.
Esses resultados mostram que o Perfil Descritivo Otimizado tem o potencial de relatar quantitativamente atributos sensoriais, reduzindo o tempo e o custo dos testes sensoriais e facilitando a correlação das medidas sensoriais e instrumentais.
E quanto ao número de avaliadores? Qual o número mínimo para que os resultados do painel sejam considerados consistentes?
Essa pergunta é muito relevante se pensarmos que os custos associados aos testes sensoriais descritivos dependem do tempo de execução do teste e do número de avaliadores participantes.
Para determinar o número ideal de avaliadores utilizando o método de Perfil Descritivo Otimizado, os dados foram avaliados por meio da técnica de reamostragem de dados para um painel original composto por 26 juízes, por meio de simulação computacional (Silva et al., 2014).
O critério de magnitude da estimativa do erro experimental mostrou ser a medida mais robusta para determinação do número de avaliadores. Os critérios de magnitude do erro experimental, interação entre amostras e efeito dos avaliadores e a taxa de concordância em comparações pareadas foram atendidos quando 16 (dezesseis) avaliadores foram utilizados.
Em um estudo mais recente desenvolvido pela mesma equipe de pesquisadores o critério de discriminação das amostras mostrou-se uma medida mais robusta para determinar o número de avaliadores quando associada ao treinamento do painel, com recomendação de pelo menos 8 (oito avaliadores). O treinamento do painel teve uma grande influência na qualidade dos dados, proporcionando uma redução de 50% no número de avaliadores necessários (Simiqueli et al., 2015).
Você já conhecia essa metodologia? Escreva aqui nos comentários ou em nossas redes sociais qual a sua experiência na aplicação de metodologias descritivas e marque um amigo que se interesse pelo assunto.
Por Dra. Elaine Berges da Silva
Silva et al (2012). Optimized Descriptive Profile: A rapid methodology for sensory description. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.foodqual.2011.10.014
Silva et al (2014). Optimized Descriptive Profile: How many judges are necessary? Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.foodqual.2014.02.011
Simiqueli et al (2015). How many assessors are necessary for the Optimized Descriptive Profile when associated with training? Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.foodqual.2015.03.019
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