Sensorial e Olimpíadas me pareciam dois temas tão distantes, mas ao assistir na TV a apresentação de solo da ginástica artística percebi que a modalidade feminina é mais emocionante  que a masculina e que a diferença estava na música e nas roupas brilhantes, presente apenas na modalidade feminina.

Em seguida, a ex-ginasta e apresentadora Daiane dos Santos parece ter captado meus pensamentos e  complementou dizendo que a música era muito importante para marcar o tempo de apresentação, pois a cada segundo de atraso o atleta é penalizado com a perda de pontos e que na modalidade masculina são emitidos apenas apitos com esta finalidade de marcar o tempo.

Daí resolvi pesquisar um pouco mais sobre a participação da sensorial na história das Olimpíadas e descobri algumas curiosidades que compartilho com vocês.

Na abertura das Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio em 2016 o grande destaque foi a “experiência sensorial” utilizada para que os portadores de deficiências pudessem perceber o evento utilizando outros sentidos além da visão. 

No espetáculo de abertura o público ficou “cego” temporariamente, para estimular os outros sentidos, sobretudo a audição. Em alguns momentos refletores emitiram um forte flash de luz e em outros as luzes do estádio foram apagadas por alguns minutos. A intenção foi aproximar o público dos atletas paralímpicos.

Além disso as  Olimpíadas do Rio foram simbolizadas por uma logomarca multisensorial desenvolvida pela agência Tátil Design que era escultural e em 3D.  

A escultura feita em poliuretano continha os seguintes elementos:

  • um espiral como ícone que traduz a superação;
  • o infinito, que representa a energia que traduz a garra dos atletas e;
  • o coração, signo fundamental, o centro vital de todo ser humano. 

A principal mensagem é que por dentro somos todos iguais.  A marca foi feita para ser multissensorial e proporcionar experiências. As pessoas podiam interagir com a escultura que recebeu sensores de luz para integração ao toque e programação de movimento com som. Ao tocar a escultura era possível ouvir o som da torcida e o movimento do coração pulsando.

E o que seria dos eventos de abertura sem as músicas para nos emocionar? Encontrei um post listando as 5 músicas que marcaram as aberturas de eventos Olímpicos na histórias, são elas:

BARCELONA Freddy Mercury e Montserrat Caballé. A música foi gravada para fortalecer a candidatura da cidade para sediar os Jogos Olímpicos em 1992. 

HEY JUDE  – Dos Beatles. Cantada por Paul McCartney nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.

GAROTA DE IPANEMA   – Tom Jobim e Vinícius de Moraes, interpretada por Daniel Jobim. 

ONE MOMENT IN TIME  – Composta por Albert Hammond e John Bettis e interpretada por Whitney Houston para a abertura dos Jogos Olímpicos de Seul 1988, ocorridos na Coreia do Sul. A letra fala sobre acreditar em si mesmo mesmo contra todas as apostas contra e o desejo dos atletas de passar por obstáculos que parecem impossíveis. 

CHARIOTS OF FIRE  – Vangelis. Essa música foi produzida para um filme que retrata uma história das Olimpíadas (Carruagens de Fogo, de 1981) mas a música instrumental virou referência dos Jogos Olímpicos. 

As Olimpíadas de Tóquio iniciaram utilizando a tecnologia para mostrar muitos efeitos de cores e luzes e tem como tema a Sustentabilidade, cuja meta é reciclar 65% de todos os resíduos gerados com o evento e dar novo uso a 99% dos itens adquiridos especificamente para os jogos.

A Sustentabilidade vai desde a tocha olímpica confeccionada  com 30% de resíduos de alumínio; as medalhas feitas com 6 milhões de telefones derretidos e o pódio impresso em 3D utilizando plástico reciclado que serão transformados em recipientes de detergentes e shampoo. 

Mas onde entra a Sensorial aqui? Segundo Martim Lindstrom (2012) umas das regras do Branding Sensorial está em mostrar que as instituições precisam ter  “uma visão clara”, que se traduz em mostrar que tem um propósito.

 

Além disso é possível perceber que as Olimpíadas seguem também outras regras de Branding Sensorial como;

– a Grandiosidade – do evento em si que gera admiração e comoção mundiais;

– os “Rituais” como o de de revezamento da tocha olímpica, entre outros;

– a “Competição” que é inerente a qualquer competição por mais que seja amistosa;

– o “Simbolo” característico do evento e personificados através do mascote, que no Japão é o Miraitowa e Someity, simbolizando os valores olímpicos e o legado cultural dos jogos do evento;

– a “Sensação de Pertencimento” e de fazermos parte de algo maior.

Essas e outras características que envolvem as Olimpíadas a tornam uma marca sensorial capaz de gerar engajamento, superação e confraternização de tantos povos mundo afora.

Você já tinha percebido a importância da experiência sensorial nas Olimpíadas e Paralimpíadas? Escreva aqui nos comentários ou em nossas redes sociais e marque um amigo que se interesse pelo assunto.

Por Dra. Elaine Berges da Silva

#sensorydesign #sensorial #olimpiadas #paralimpíadas  #analisesensorial #sensorialolimpíadas